2 de junho 2014

Projeto GATI apoia indígenas do Mato Grosso do Sul no 3º Encontro Nacional de Agroecologia

O evento aconteceu de 16 à 19/05 e foi promovido pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

O Projeto GATI (Gestão Ambiental e Territorial Indígena - PNUD/GEF/Funai) apoiou a participação de cinco Guarani Kaiowá e dez Terena, no 3o Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), realizado no campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), em Juazeiro (BA). O evento aconteceu de 16 à 19/05 e foi promovido pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), que é uma rede formada por movimentos nacionais e regionais, instituições, organizações governamentais, não governamentais e de base comunitária que realizam ações de agroecologia. O objetivo do encontro foi aumentar a coesão política e a expressão pública do campo agroecológico brasileiro, a fim de demostrar a importância da sociedade brasileira apoiar a agroecologia.
Estiveram presentes mais de dois mil agricultores, indígenas, comunidades tradicionais, estudantes, pesquisadores, técnicos entre outros. O encontro garantiu que 50% dos participantes fossem mulheres e ainda incentivou a presença dos jovens. Os consultores regionais do Projeto GATI, Renata Aguilar e Leosmar Antônio Terena, do Núcleo Pantanal Cerrado, também estiveram presentes.

Como foi a participação dos indígenas?

Houve plenárias, seminários temáticos com metodologias participativas e relatorias gráficas interativas sobre os territórios das ações da ANA. Houve também feiras de sabores e saberes, plenária das mulheres com a participação das indígenas Terena e Guarani Kaiowá, manifestações culturais, ato público, entre outros.

Comitiva de indígenas do Mato Grosso do Sul durante o ato público, na ponte que liga Juazeiro (BA) à Petrolina (PE), afirmando a importância do Projeto GATI para ações de agroecologia nas suas regiões. Foto: ©Saulo Terena

Os indígenas Terena e Guarani Kaiowá participaram de diversas atividades, em especial das oficinas que visaram fortalecer as práticas tradicionais e uso de plantas medicinais. As mulheres presentes eram as principais detentoras desses conhecimentos, falaram das mais diversas variedades de fitoterápicos, preparos e valores espirituais agregados. Nilda Guarani Kaiowá, da aldeia Jaguapiré (MS) falou da existência dessas plantas em sua aldeia. “Tem as plantas do mato, perto da água e do campo, eu conheço muitas delas. E tem regiões que já não tem mais nada de plantas. O uso desses remédios tradicionais não é valorizado pelos órgãos que cuidam da saúde indígena”, afirmou. Para Urbano Guarani Kaiowá, os povos estão esquecendo do remédio nativo e que: “é muito importante que nossos projetos nos ajudem a resgatar o cultivo dos remédios, resgatar o que o povo branco tirou da gente, quando destruiu nosso meio ambiente”, disse. Urbano também relatou que o evento marcou sua vida e ampliou seus conhecimentos sobre a agroecologia e que vai repassar o aprendizado para sua aldeia e escolas.

Sra. Nilda Guarani Kaiowá da aldeia Jaguapiré (MS), durante a feira de sementes. Foto: ©Renata Aguilar/Projeto GATI
Leosmar Antônio Terena (consultor do Projeto GATI), nos preparos para o ato público. Foto: ©Saulo Terena
Leosmar Antônio Terena, consultor do GATI, explicou que a agroecologia é o fortalecimento de valores tradicionais, de humanidade e solidariedade. “Reforçamos a agroecologia como a única saída para a sociedade, é acima de tudo, um modo de vida. Ela é pensada no sentido da sustentabilidade em todas as suas dimensões, não podemos pensá-la sem a inclusão dos jovens, crianças, mulheres e lideranças”, afirmou. 

Indígenas entregam moção ao ministro Gilberto Carvalho

Célia Xacriabá e Gerson Terena no ato da leitura e entrega da moção ao ministro Gilberto Carvalho. Foto: ©ENA

Um dos momentos mais marcantes do 3º ENA, foi quando todos os povos indígenas elaboraram uma moção sobre a relação da agroecologia e os povos indígenas. “A agroecologia é imemoravelmente parte da cultura dos povos indígenas, por isso é fundamental a nossa participação na ANA, garantindo e reconhecendo o nosso protagonismo nessas práticas”, relataram os indígenas que leram a moção em plenária final. O documento foi entregue a Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral da Presidência da República. (Leia a moção na íntegra AQUI).

SAIBA MAIS

A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) tem como objetivo promover os canais de diálogos em esferas políticas e públicas a respeito da agroecologia que envolve a adoção da agricultura sustentável, produção de alimentos livres de venenos e sementes transgênicas, a valorização das sementes tradicionais, economia solidária e os modos de vida de povos e comunidades com múltiplas expressões e identidades compondo uma proposta nacional de desenvolvimento rural sustentável (veja mais AQUI).