1 de julho 2014
Povo Guarani debate gestão ambiental e territorial da TI Guarani do Bracuí (RJ)
A oficina aconteceu na aldeia Sapukai e reuniu cerca de 40 participantes, entre lideranças tradicionais, mulheres e jovens da TI para esclarecer dúvidas e organizar um plano de trabalho para orientar a construção do PGTA da TI Guarani do Bracuí.
Entre os dias 2 a 4 de junho, o Projeto GATI (GEF/PNUD/Funai) realizou oficina para discutir os passos para elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) dos Guarani da Terra Indígena Guarani do Bracuí (RJ), que é uma das áreas de referencia do projeto. A ação contou com o apoio da Coordenação Regional Litoral Sudeste da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Coordenação Técnica Local da Funai (CTL) de Parati. A oficina aconteceu na aldeia Sapukai e reuniu cerca de 40 participantes, entre lideranças tradicionais, mulheres e jovens da TI para esclarecer dúvidas e organizar um plano de trabalho para orientar a construção do PGTA da TI Guarani do Bracuí. Por meio dessa ação, o GATI reafirma um dos seus objetivos de estabelecer uma rede de Terras Indígenas com modelo de práticas de etnogestão ambiental e territorial, visando a recuperação e conservação de diferentes biomas florestais e tendo os povos indígenas como protagonistas dessa gestão.
Para Lucas Xunu, morador da TI, existe uma grande necessidade dos Guarani se organizarem em torno de um PGTA e reafirmar acordos de uso e conservação dos ambientes e recursos naturais, para que se garanta o equilíbrio das atividades tradicionais com a conservação ambiental. Xunu também enfatizou a importância da participação dos jovens na construção e implementação do PGTA.
Sr. João da Silva, cacique da aldeia Sapukai, lembrou o passado, quando dispunham de abundância de recursos naturais e mobilidade territorial, e a realidade hoje, com a restrição de ambos: “Tudo tem espírito: a terra, a comida, os animais. Antigamente tínhamos regras para tudo, para todas as nossas atividades. Como não temos muita terra, os recursos naturais estão se esgotando, por isso temos que aprender a cuidar do que restou para que não desapareçam. Antigamente éramos independentes, plantávamos nossa comida, fazíamos nossas casas e nossos utensílios com os recursos disponíveis nas matas. Hoje não temos mais a liberdade de nos locomover livremente”.
Os Guarani também debateram outras ameaças territoriais como a questão das invasões de não indígenas à TI. “Hoje em dia tem muita invasão de não índios nas matas, para caçar e para tirar madeira. Nós temos muita dificuldade para vigiar nossa terra, precisamos de apoio para vigiar e evitar essas invasões”, afirmou o professor Argemiro.
As bases para o PGTA da TI Bracuí
Neste encontro, as lideranças Guarani apontaram alguns temas relevantes que devem ser incluídos no PGTA da Terra Indígena Bracuí, tais como:
- Reflorestamento/recuperação dos ambientes naturais;
- Mapeamento dos ambientes e dos recursos ambientais;
- Manejo dos recursos ambientais;
- Monitoramento do lixo na TI.
Os primeiros passos para a construção do Plano de Gestão deverão ser a atualização de um Diagnóstico Etnoecológico da TI, elaborado em julho de 2002 e a realização de um mapeamento da TI, ambos parte do esforço de construção de uma ferramenta auxiliar na ordenação dos usos e conservações das regiões e ambientes naturais da Terra Indígena e seu entorno.