11 de maio 2014

Oficina de agricultura sustentável promove a valorização dos quintais e roças da TI Mangueirinha (PR)

A oficina teve por objetivo dar continuidade aos Microprojetos Indígenas* desenvolvidos nesta TI.

O Projeto GATI em parceria com a Coordenação Regional Interior Sul da Fundação Nacional do Índio (CRIS/Funai), realizou no dia 29 de abril a oficina “Agricultura sustentável: enriquecimento dos quintais com espécies vegetais tradicionais e de importância cultural, na Terra Indígena (TI) Mangueirinha - PR”.  A oficina teve por objetivo dar continuidade aos Microprojetos Indígenas* desenvolvidos nesta TI, que vêm promovendo o resgate de espécies tradicionais indígenas através da implantação de um campo demonstrativo de sementes e da promoção do uso múltiplo da terra, aliando as atividades de plantio, com a extração de erva mate, nó de pinho e coleta de pinhão. O agrônomo colaborador do Projeto GATI, Olívio Dambrós, foi o facilitador da oficina. O técnico do SEGAT (Serviço de Gestão Ambiental e Territorial) da CRIS/Funai, José Renato Padilha, apoiou e participou da realização do evento. Assim como a consultora do Projeto GATI, do Núcleo Mata Atlânticas Sul, Rosa Villlanueva, também esteve presente apoiando todo o processo. 

Como foi a oficina?

Os organizadores promoveram ampla divulgação da oficina, informando especialmente às famílias indígenas interessadas em participar de atividades de plantios de espécies tradicionais nos seus quintais e roças. Sendo assim, o encontro focou na valorização das práticas agroecológicas, na importância do resgate cultural dessas espécies, na prospecção das sementes e/ou ramas e no planejamento do plantio. Também se falou da importância do consumo de alimentos de qualidade através da produção familiar. O público era formado por famílias jovens, adultas e por anciãos. Da mesma forma, as crianças também estiveram envolvidas. 

Crianças avaliando a qualidade do arroz de sequeiro colhido no campo demonstrativo de sementes tradicionais. Foto: ©Rosa Villanueva/Projeto GATI

Os participantes visitaram as roças e quintais de seis famílias Kaingang e duas Guarani. Em cada visita, o grupo conversou sobre as espécies já plantadas e as que têm interesse de plantar; sobre a disponibilidade ou não de sementes nativas; e a necessidade de promoverem intercâmbios entre as famílias para troca de ramas e sementes. Uma das visitas mais marcantes foi à roça do ancião Adão Alves, com 78 anos, e sua esposa dona Lourdes. A roça e o quintal desta família se destacam pelas variedades de plantas, vigor das plantações e pela animação do casal que apesar da idade, tem prazer em plantar seu alimento. Sr. Adão informou tem muito interesse em resgatar uma variedade de “milho verde” que se mantém verde no pé por até 15 dias e que não é mais encontrada em Mangueirinha. De acordo com Sr. Adão, este milho era muito utilizado na elaboração de pratos tradicionais, especialmente bolos.

Na roça do Sr. Adão. Da esquerda para direita, D. Lourdes (esposa do Sr. Adão, Olívio Dambrós e D. Glória. Foto: ©Rosa Villanueva/Projeto GATI

Visita ao campo demonstrativo de sementes tradicionais

Participantes da oficina visitando o campo demonstrativo de sementes tradicionais. Avaliando a qualidade da mandioca produzida. Foto: ©Rosa Villanueva/Projeto GATI
Participantes da oficina visitando o campo demonstrativo de sementes tradicionais, avaliando a qualidade da mandioca produzida. Foto: ©Rosa Villanueva/Projeto GATI

Implantado no final do ano passado no âmbito dos Microprojetos Indígenas*, o campo demonstrativo de sementes tradicionais foi visitado pelos participantes da oficina, no intuito de se discutir o desempenho das espécies e variedades plantadas. Na visita, também ocorreu a retirada de ramas e sementes para plantio nas roças dos participantes da oficina. Foi observado que algumas variedades tiveram um desempenho tão bom que, os responsáveis pelo campo liberaram sementes e ramas para qualquer indígena interessado. Na ocasião, o colaborador do GATI Olivo Dambrós realizou juntamente com os indígenas, o planejamento dos plantios para serem iniciados ainda neste outono. E apesar da TI Mangueirinha apresentar temperaturas bastante baixas no inverno, Sr. Adão afirmou que “ é possível plantar no outono, é só juntar terra nos caules, assim no inverno as plantas vão prosear entre elas e quando a primavera chegar elas vão crescer”.

Saiba mais

O que são os *Microprojetos Indígenas? 

É uma modalidade de financiamento do Projeto GATI para pequenos projetos de benefícios coletivos, cujas atividades envolvem plantios agroflorestais, roças agroecológicas, educação ambiental e valorização das práticas e conhecimentos tradicionais.