10 de outubro 2014
GATI apoia os Pataxó Hã Hã Hãe na elaboração de projetos de recuperação ambiental
A Terra Indígena (TI) Caramuru Paraguassú, habitada pelo povo Pataxó Hã Hã Hãe, localizada no sul do estado da Bahia é uma das áreas de referências do Projeto GATI, que ao longo dos anos, vem sofrendo grande pressão por conta do desmatamento e degradação ambiental devido a fatores externos, como a presença de invasores não indígenas. Dessa forma, os Pataxó Hã Hã Hãe estão preocupados em recuperar a cobertura florestal da TI que segundo eles, garante a sua subsistência e o seu bem viver, principalmente no que se refere à produção e qualidade da água.
A fim de contribuir com os anseios dos indígenas e ao mesmo tempo, garantir a recuperação e a conservação florestal da região, o Projeto GATI promoveu durante o mês de setembro (09 a 11/09), três oficinas para elaboração de projeto piloto de recuperação de nascentes e matas ciliares para os seguintes núcleos da TI: Caramuru, Bahetá e Panelão. A atividade também é uma recomendação do Conselho Regional do GATI/Nordeste II, que elencou essas ações como prioritárias para a região.
As oficinas contaram com o apoio e participação de Wilson de Souza, da Coordenação Técnica Local Pau Brasil da Funai, representantes da Prefeitura Municipal de Itajú do Colônia, dentre eles o prefeito Edinaldo Martins, consultor regional do Projeto GATI, Carlos Ferraz e consultor especialista do GATI, Antônio Assumpção. As lideranças indígenas, representantes dos núcleos da TI, tais como: Messias Souza, Maria Rita Muniz, Sergio Bute, Cacique Nailton, Caciqua Ilza, Cacique Regis (e outros), participaram ativamente de todas as etapas das atividades.
Urgência na recuperação dos mananciais
As oficinas abordaram a elaboração de projetos socioambientais e apresentaram dados de um levantamento de campo realizado em agosto, por uma equipe composta pelo consultor especialista, indígenas e CTL Pau Brasil/Funai, que trouxe uma amostra da real situação das nascentes. O levantamento constatou a urgência de ações de recuperação, pois ocorrem mananciais com pouca ou nenhuma cobertura florestal, ou contaminados por lixo e outros detritos.
Essa situação provocou reflexões entre Pataxó Hã Hã Hãe, que discutiram a inseparável relação da água com a floresta e que a não recuperação desses locais compromete a produção e qualidade de água para a TI, além do estoque de fauna e flora que correm o risco de desaparecer. Os mesmos afirmaram que é fundamental inserir essa questão na gestão territorial e ambiental da TI.
Uma das nascentes da bacia do rio Ourinho, que abastece a TI. Foto: Antônio Assumpção
Consultor especialista Antônio Assumpção, mostra um dos mapas contendo a situação das nascentes da TI. Foto: Carlos Ferraz/Projeto GATI
Os encaminhamentos das oficinas
No caso específico de Caramuru, a oficina trouxe a necessidade de se estudar da conservação, uso e o acesso à água, como a distribuição e abastecimento, entre as famílias e estruturas públicas, como escolas. Abordou-se também a relação da produção do cacau em sistema de cabruca* como meio para uso sustentável das áreas das serras da TI onde se localiza a maioria das nascentes. *Cabruca é um sistema agroflorestal típico da Bahia, onde o cacaueiro é cultivado nas sombras das árvores nativas da Mata Atlântica.
O núcleo Bahetá, que está na área do município de Itajú do Colônia, ressaltou a questão do baixo índice de precipitação da área, apesar de ser considerada oficialmente de clima semiúmido. Os indígenas e a prefeitura pretendem estudar formas de inserir o município como área semiárida, para assim acessar políticas públicas específicas para regiões com este tipo de clima. Também discutiram a situação da água no planeta, as mudanças climáticas e como estes problemas afetam a região localmente. Os indígenas também querem estabelecer parcerias interinstitucionais para promover campanhas regionais, envolvendo indígenas e não indígenas, em prol da recuperação das águas do rio Itajú do Colônia, que abastece a região.
No Panelão, houve explanação sobre a elaboração dos projetos entre as lideranças e estas ficaram na incumbência de preencherem os formulários que darão base à formatação do projeto.
Os próximos passos dos três projetos se darão entre outubro e novembro onde haverá atividades complementares para finalização das propostas.
