24 de novembro 2014
Povo Bakairi planeja ações de gestão ambiental e territorial com apoio do Projeto GATI
Com apoio do Projeto GATI (GEF/Pnud/Funai) e Coordenação Regional Cuiabá da Fundação Nacional do Índio (CR Cuiabá/Funai), o povo indígena Bakairi está iniciando um planejamento ambiental e territorial de suas Terras Indígenas (TIs Bakairi e Santana). O primeiro passo desse processo foi dado em outubro (21 e 22) por meio da realização de um encontro que, além de levantar elementos para a construção dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) das TIs, também discutiu ações de gestão de resíduos sólidos.
A TI Baikairi, que é uma das áreas de referência do Projeto GATI do Núcleo Regional Amazônia Cerrado, e a TI Santana estão localizadas no centro sul do estado do Mato Grosso. Na oficina, que contou com a presença das lideranças de praticamente todas as aldeias da região, houve a discussão sobre bases para construção de um PGTA e formas de financiá-lo. Os Bakairi já estão elaborando uma proposta que vão submeter ao edital “Chamada Implementação da PNGATI para os biomas Cerrado e Caatinga”.
Gestão de resíduos sólidos na TI Bakairi
Em virtude do aumento do consumo de produtos industrializados, está cada vez maior o volume de resíduos sólidos (lixo) nas aldeias Bakairi, que não possuem plano de ação sobre a destinação.
Durante os dias de oficina, essa temática foi abordada por meio de palestras e conversas com os caciques e membros das 10 aldeias que compõe a TI Bakairi. Houve ainda um mutirão de coleta de lixo que posteriormente foi transportado pelos caminhões da prefeitura para o depósito da cidade. Os jovens e crianças da Escola Indígena Kura Bakariri participaram ativamente orientando os mais velhos sobre importância da correta destinação do lixo. Presentes também estiveram os representantes do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Cuiabá, da Prefeitura Municipal de Paranatinga e dos brigadistas indígenas do Prev-fogo (Ibama). De acordo com os técnicos do Dsei Cuiabá, existe uma política específica para povos indígenas de gestão de resíduos sólidos e a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) está articulando para levá-la às aldeias. Na ocasião, as TIs Bakairi e Santana foram apontadas como possíveis primeiras beneficiadas com a ação, tendo em vista a já existente parceria com o Projeto GATI, com a CR Cuiabá Funai e a prefeitura de Paranatinga. Esta ultima, também se comprometeu em estabelecer uma agenda de trabalho para tratar do lixo nas aldeias.
Contaminações de agrotóxicos
Outra preocupação mencionada durante a oficina é a ameaça ambiental decorrente de ações nas áreas do entorno da TI, onde predominam as lavouras de soja e milho que fazem uso extensivo de agrotóxicos. Os efeitos nocivos dessa prática já estão presentes na área indígena, por meio da poluição da água consumida, que traz diversos tipos de doenças. Outro indício do problema é a diminuição do peixe no rio, que é um dos principais itens na dieta dos Bakairi.
Em virtude das ameaças mencionadas, os Bakairi, juntamente com indígenas da vizinha TI Santana, planejam a formação de agentes indígenas ambientais. Os agentes seriam responsáveis pelo monitoramento das divisas da TI e por denunciar ilícito como incêndios, pesca e caça predatória, invasões e outras.