10 de dezembro 2014

Projeto GATI promove capacitações para implantação de agroflorestas na TI Xerente (TO)

As capacitações são parte do Plano de Ações do Projeto GATI pactuado com os indígenas Xerente.

O Projeto GATI (GEF/Pnud/Funai) em parceria com a Coordenação Regional Araguaia-Tocantins da Fundação Nacional do Índio, vem promovendo na Terra Indígena (TI) Xerente (TO), capacitações para implantação demonstrativa de agroflorestas (SAFs- Sistemas Agroflorestais) nas aldeias. As atividades fazem parte do Plano de Ações do Projeto GATI pactuado com os indígenas que visa promover a valorização da agricultura sustentável do povo Xerente. As agroflorestas promovem benefícios econômicos e ecológicos à comunidade, pois  representam formas de uso ou manejo da terra, nas quais se combinam espécies arbóreas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou criação de animais, de forma simultânea ou em sequência temporal. A primeira das capacitações já aconteceu no ano passado, com uma oficina de compostagem. 

A oficina na aldeia Santa Fé

A oficina ocorrida na aldeia Santa Fé, em 07 e 09/11, contou com a participação de integrantes da Brigada Indígena Xerente. A colaboradora do GATI, a bióloga Bárbara Helena Ramos, que também é técnica da Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS), orientou os participantes sobre implantação e técnicas de manutenção de SAFs. Na ocasião também foi realizado um levantamento preliminar sobre a agricultura indígena Xerente, que norteou a reinserção das espécies necessárias para composição dos roçados já existentes, ou de novos roçados, como no caso das roças de mandioca e milho que vêm sendo implantadas pela Associação da Brigada Indígena Xerente. A ideia é que após o processo de capacitação, o grupo atue como multiplicador na implantação de SAFs em outras aldeias da região. 

Preparo das manivas para plantio em área demonstrativa de SAF. Foto: ©Soraya Campos/Projeto GATI
Equipe da Brigada Indígena Xerente no plantio de mandioca. Foto: ©Soraya Campos/Projeto GATI
Finalização das atividades envolvendo brigadistas indígenas Xerente, a bióloga da Unitins e técnico da CR Araguaia-Tocantins. Foto: ©Soraya Campos/Projeto GATI

A oficina na aldeia São José

Localizada na região do Brupré, a aldeia São José, foi escolhida como um dos locais para realização do segundo módulo da oficina de implantação demonstrativa de SAF, após um levantamento realizado no final de novembro pela bióloga Bárbara Helena, pela consultora regional do GATI, Soraya Campos e pelo servidor da Funai, Lorival Souza.

A oficina aconteceu de 02 a 06/12 e identificou locais para produção (os roçados), conforme técnica e metodologia apresentada por Bárbara Helena. Participaram 25 indígenas das 12 aldeias da região do Brupé, que conheceram as novas tecnologias que otimizam o uso de recursos naturais, especialmente o manejo do solo e da vegetação, respeitando a integridade cultural e a auto-sustentação no tempo e no espaço dos indígenas. Espera-se que a médio e longo prazo resultados como a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de cestas básicas poderão ser atingidos, já que os SAFs podem contribuir para melhorar a renda e a segurança alimentar dos indígenas.

Outro assunto discutido foi o ICMS Ecológico e, visando esclarecimentos necessários para seu entendimento e sua aplicação, foi convidando o professor Odilon Morais da Universidade do Tocantins para ministrar a palestra. O ICMS Ecológico pode ser uma fonte de financiamento de políticas públicas voltadas à gestão ambiental e à atividades agroflorestais em curso na TI. A oficina também contou com a participação dos anciões Xerente que falaram sobre as roças tradicionais e demais práticas agrícolas do seu povo.

A perspectiva para 2015 é o Projeto GATI, junto com a CR Araguaia-Tocantins/Funai, continuar o circuito de oficinas de SAFs em outras aldeias da TI Xerente, contando sempre com a participação dos anciões e trazendo para discussão, a questão do ICMS Ecológico. 

Plantio de mudas durante a oficina. Foto: ©Soraya Campos/Projeto GATI