1 de agosto 2014

Jovens Guarani, Kaiowá e Terena discutem inserção de novas mídias nas aldeias

O espaço de debate foi durante o 5º Fórum de Discussão de Inclusão Digital nas Aldeias (FIDA), realizado na aldeia Pirajuí (MS), nos dias 19 a 29 de julho de 2014.

Jovens da aldeia Guaiviry durante o 5º FIDA. Foto:©Andreza Andrade/Projeto GATI

Entre os dias 19 a 29 de julho aconteceu na aldeia Pirajuí, município de Paranhos (MS), a 5ª edição do Fórum de Discussão sobre Inclusão Digital nas Aldeias (FIDA) e oficina de produção audiovisual. Com o lema “audiovisual e agroflorestal para fortalecimento da cultura”, o Fórum teve como objetivo discutir a inserção das novas mídias nas aldeias indígenas do Mato Grosso do Sul, e como estas contribuem para o movimento de autonomia indígena, recuperação ambiental, segurança alimentar e revitalização cultural.  O evento é realizado pela Associação Cultural dos Realizadores Indígenas (Ascuri) e contou com o apoio da Coordenação Regional da Funai de Dourados, Universidade Federal Fluminense, Prefeitura de Paranhos (MS), FAIND/UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e Prêmio Culturas Indígenas (MINC). O Projeto GATI (Gestão Ambiental e Territorial Indígena – GEF/PNUD/Funai), que realiza trabalhos em parceria com a Ascuri, apoiou a participação de seis indígenas Terena no evento.

Foram cerca de 150 participantes, na sua maioria jovens indígenas Guarani e Kaiowá. Lideranças indígenas da ATY Guassu, anciões e sabedores tradicionais também estiveram presentes. O evento foi coordenado por Eliel Benites, professor da FAIND/UFGD, pelo cineasta Gilmar Galache, ambos fundadores da Ascuri; por professores do Departamento de Cinema da Universidade Federal Fluminense; pelo cineasta boliviano Iván Molina, do povo Quechua, e pelo roteirista boliviano Luiz Peláez.

Jovens da aldeia Pirajuí durante o 5º FIDA. Foto: Andreza Andrade/Projeto GATI

O que é o FIDA?

O FIDA foi idealizado em 2011 por acadêmicos e ex-acadêmicos indígenas do projeto Rede de Saberes Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas da UCBD. O público alvo em geral são jovens indígenas, advindos de diversas realidades, como os que vivem nas cidades, nas aldeias e em áreas de retomada. A ideia é que todos possam refletir o empoderamento dos povos indígenas sobre as novas tecnologias de comunicação e informação, e como estas contribuem para a luta do movimento indígena do Mato Grosso do Sul. Os jovens também debatem questões que afetam o seu bem viver, tais como, a falta de terras, o preconceito, a violência, o alcoolismo, as drogas e ainda a necessidade promoção de ações de revitalização cultural para que o conhecimento tradicional continue sendo repassado às futuras gerações.

Em Pirajuí, os participantes se reuniram para trabalhos em grupo que, por meio de dinâmicas, visaram o entendimento dos princípios da produção audiovisual, utilizando temas do seu cotidiano. Para o professor Fidencio Wera, esses momentos foram de descoberta de elementos da sua cultura que este desconhecia. “Quando nos reunimos com nossos anciões nos trabalhos de grupo, aprendi um mito que eu nunca tinha ouvido falar, por isso esse momento é tão importante, pois assim praticarmos nossa cultura e ao mesmo tempo aprendemos sobre as novas mídias”, disse.  Para o Sr. Eupídio Pires, liderança da aldeia Paraguaçú, o evento foi muito importante para os jovens fortalecerem sua identidade. “Vocês precisam ter muito orgulho de ser índio Guarani, Kaiowá, Terena, precisam valorizar a nossa cultura e conhecimento”, afirmou.

Sr. Eupídio fala do fortalecimento da identidade indígena entre os jovens. Foto: ©Andreza Andrade/Projeto GATI

A oficina audiovisual

Aprendendo sobre os princípios de animação. Na foto, Iván Molina (de branco) com os jovens aprendizes. Foto: ©Andreza Andrade/Projeto GATI

Logo após o Fórum, aconteceu a oficina de vídeo que foi coordenada por Iván Molina. O cineasta usa o método “aprender fazendo”, cujo aprendizado é prático e participativo, onde o instrutor ensina o manuseio da câmera, captação de imagem e edição, desde o primeiro contato dos aprendizes com os equipamentos. Como resultado final, foram produzidos oito vídeos de dez minutos, que em breve estarão disponíveis no canal da Ascuri no Youtube. A temática dos vídeos girou em torno da cultura indígena, tais como as rezas, roças tradicionais, acesso à escola indígena diferenciada, dentre outros.

Produção de vídeo durante a oficina audiovisual. Foto: ©Luis Pelaez

Saiba Mais

Sobre a Ascuri

A Associação Cultural dos Realizadores Indígenas- ASCURI é formada por um grupo de jovens realizadores/ produtores culturais indígenas que buscam, por meio das Novas Tecnologias de Comunicação, desenvolver estratégias de resistência para os Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul. A Ascuri se dispõe a difundir a sabedoria tradicional indígena por intermédio dos produtos culturais, a promover o registro de praticas culturais e principalmente a fomentar o intercâmbio de conhecimento entre sociedade indígena e não indígena.

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