27 de agosto 2014

Indígenas de Áreas de Referência do Projeto GATI participam de Seminário “Mudanças Climáticas e Povos Indígenas”

O seminário aconteceu nos dias 20 a 22 de agosto, em Sobradinho-DF.
Demian Nery (IPAM) explica a metodologia e programação do seminário Foto: ©Mario Vilela/Funai

Nos dias 20 a 22 de agosto, 30 indígenas de todas as regiões do Brasil, incluindo representantes de 11 Áreas de Referência do Projeto GATI, participaram do Seminário “Mudanças Climáticas e Povos Indígenas”, no Centro de Formação de Política Indigenista da Funai, Sobradinho-DF. Participaram também servidores de várias Coordenações Regionais da Funai, como Manaus, Cuiabá e Litoral Sudeste. O evento foi realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Fundação Nacional do Índio (Funai), Projeto GATI (Gestão Ambiental e Territorial Indígena), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e The Nature Conservancy (TNC).

O seminário, que representou o primeiro de três módulos sobre o tema, discutiu no primeiro dia conceitos básicos sobre mudanças climáticas e os possíveis impactos destas nos territórios indígenas, bem como cenários climáticos globais e nacionais, dentro do contexto dos direitos indígenas e da Política Indigenista no Brasil. Debateu-se também as posições institucionais sobre o tema por parte do governo federal, organizações indígenas e indigenistas, entre outras.  Por meio de trabalho em grupos foram discutidas as percepções indígenas sobre mudanças climáticas, seus impactos e iniciativas de adaptação nos territórios indígenas.

Inácio Faustino, Terena da TI Cachoeirinha (MS), contribui à discussão das percepções indígenas sobre mudanças climáticas. Foto: ©Mario Vilela/Funai

No segundo dia do seminário, no painel “Mudanças climáticas e Povos indígenas: papel dos territórios indígenas para o equilíbrio do clima e a biodiversidade”, o Coordenador Técnico do Projeto GATI, Robert Miller, trouxe para a discussão, no contexto das ações do projeto, o conceito de “Adaptação baseada nos Ecossistemas” (AbE). Conforme definido pela Convenção sobre Biodiversidade (2009), AbE engloba o uso da biodiversidade e dos serviços ambientais como parte de uma estratégia de adaptação completa para ajudar pessoas a se adaptarem aos efeitos adversos das mudanças climáticas. Conforme Miller, as iniciativas de recuperação de matas ciliares apoiadas pelo Projeto GATI são exemplos de AbE, pois a floresta mantém a permeabilidade do solo e a absorção da água de chuva, recarregando os lençóis freáticos e abastecendo as nascentes, de forma que os cursos d´agua ficam menos suscetíveis aos efeitos de secas.

No terceiro dia, visando planejar as atividades dos módulos seguintes, foi identificado um grupo menor de participantes indígenas que seguirão com a capacitação, formando uma comissão que representará o movimento indígena brasileiro em espaços nacionais e internacionais de discussão e negociação. Os próximos módulos do curso estão previsto para acontecer em setembro e novembro, a tempo de preparar uma comitiva para participar da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP 20), que acontecerá em dezembro, em Lima, Peru.