Terra Indígena Guarani do Ribeirão Silveira

Ficha Técnica

Nome
Terra Indígena Guarani do Ribeirão Silveira
Objetivo
- Plano de Manejo de rendimento sustentado de palmito Jussara. - Prestar Assistência Técnica e Extensão Rural a Comunidade Guarani da Terra Indígena do Ribeirão Silveiras promovendo o Etno-Desenvolvimento, através do manejo de Sistemas Agroflorestais Sustentáveis permitindo a melhoria de qualidade de vida, possibilitando a manutenção das formas tradicionais de vida, uso da Mata, e melhoria da renda.
Modalidade
Principais Atividades
- Projeto Enriquecimento de áreas de sub-bosque e floresta com a palmeira juçara e plantio da palmeira pupunha. - Manejo de palmito Juçara - PPIGRE. - Projeto "Nhannhoty Jety - fortaleza do palmito jussara. - Projeto: Etnodesenvolvimento em Sistema Agroflorestal. - Curso de capacitação e atualização técnica para conservação da biodiversidade com a finalidade de promover a parceria da Comunidade Indígena com a equipe de monitores ambientais e guardas parque da Fundação Florestal _ Parque Estadual Serra do Mar_ Núcleo São Sebastião, e técnicos da FUNAI.
Resultados
Mecanismos
Instrumento(s)
Bioma(s)
Mata Atlântica
Etnia
Guarani Mbya Guarani Ñandeva
Entidade executora
Entidade financiadora
Assoc. Indígena(s) envolvida(s)
Associação Comunitária Indígena Tjeru Mirim Ba'e Kuaa'l
Comunidades envolvidas
Porteira, Centro, Cachoeira, Rio Pequeno e Ribeirão Silveira.
Contato
Palavras-chave
Manejo de Palmito, Palmáceas

História

A TI. Ribeirão Silveira situa-se entre os rios Ribeirão do Espigão Comprido ou Areia e Ribeirão Pouso Alto, limites naturais à Oeste e Leste. Ao Norte, abrangendo porções da Serra do Mar. Ao sul, seus limites se encerram em áreas de planície litorânea. A TI. Ribeirão Silveira representa um local de importância histórica, material e simbólica para os Guarani. Os relatos apontam o reconhecimento da área como antiga região de perambulação e habitação para os ascendentes dos Guarani que estão em Ribeirão Silveira. Esse território reconhecido pelos Guarani tem uma perspectiva sócioregional
que ultrapassa seus limites territoriais e é revelada pela categoria guára, expressão que significa um conjunto de aldeias unidas por laços de parentesco e reciprocidade. Desta forma, um tekohá faz parte de um complexo geográfico que compreende outras aldeias Guarani Mbyá, onde cada uma delas é fundamental para manutenção de reciprocidade e da organização social e política do grupo. As casas dos Guarani Mbyá espalham-se por toda terra indígena, formando núcleos/aldeias de oito ou nove habitações. A localização das habitações acompanha uma distribuição criteriosa
calcada em modo próprio de apropriação do espaço. Assim, o tekohá divide-se em pequenos núcleos/aldeias correspondentes a um grupo familiar extenso, cujas famílias nucleares ocupam as casas da região sob seu domínio. A família extensa patrilinear e uxorilocal temporária são a unidade básica da sociedade Guarani. Assim, um tekohá Guarani abriga um número de casas idêntico ao de famílias elementares, variando de duas até dez ou mais casas. Há intensa circulação de palmiteiros e caçados no interior da T.I., e os posseiros ainda não foram retirados. A região limítrofe a T.I. sofre com a expansão urbana e pressões de projetos de desenvolvimento com objetivo de criar novas cidades e destinos turísticos ao longo da costa. Empreendimentos de grande porte, tais como pré sal e oleoduto Petrobrás, localizam-se nas proximidades da área.
A área identificada abrange em seu interior trechos de três compartimentos geomorfológicos regionais: Baixadas Litorâneas, Serrarias Costeiras e Planalto Atlântico. Nas localidades da área identificada onde se encontram presentes às unidades geomorfológicas denominadas Baixadas Litorânea e Serraria Costeira, o clima apresenta-se sempre úmido. Dentre as formações vegetais que ocupam as planícies arenosas costeiras encontramos a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas que estão presentes no interior da respectiva área (desde os limites divisores da área na face Sul até o sopé das Serras): vegetação sobre cordões arenosos (floresta alta de restinga) e vegetação associada às depressões (vegetação entre cordões
arenosos: brejos de restinga, floresta paludosa sobre estrato turfoso ou floresta periodicamente alagada) e ainda Floresta de transição planícieencosta. Já as formações florestais características das áreas da Serraria Costeira (Floresta Ombrófila Densa de Encosta ou Floresta ou Mata de Encosta) estão presentes em toda porção da área compreendida pelas encostas da Serra do Mar e também nos morros isolados da planície litorânea (Morro dos Bichos, Morro da Fábrica, Morro da Boa Vista). Essas formações florestais se estendem até os limites divisores da área identificada em sua Face Norte, podendo em alguns trechos ocorrer formações vegetais características de matas de altitude, de áreas de topo de morros e de transição encosta-planalto (áreas limites com o Município de Salesópolis). Embora citados as inúmeras ações antrópicas que afetaram em graus variáveis a vegetação característica dos ambientes de planície litorânea. A Planície de Bertioga (embora sofrendo a constante ameaça de degradação em função da implantação de empreendimentos imobiliários) como a mancha de vegetação mais preservada e praticamente contínua ainda presente na região sudeste. Dessa forma, cabe salientar que no interior da área identificada as formações florestais ainda se encontram em ótimo estado de preservação, onde mais de 70% das formações vegetais presentes no interior da área total podem ser caracterizadas como formações florestais em estágio final de sucessão.

Embora limitados pelas condições ambientais, os Guarani tiram da mata, grande parte dos alimentos para sua subsistência. A coleta, a caça e a pesca são fontes importantíssimas para manutenção física e cultural desse povo. As invasões progressivas das matas por loteamentos, palmiteiros e fazendeiros devastam grandes áreas para especulação imobiliária e deflagram mudanças no modo de vida indígena. Hoje, a coleta e a roça têm uma importância maior do que a caça e a pesca, assim como a venda de artesanatos, que também tem adquirido importância substancial. Os Guarani vendem seus artesanatos nos finais de semana e feriados. A atividade de coleta ocorre por toda terra indígena, porém com maior intensidade nas matas localizadas em seu limite sudoeste, entre a Serra e o Morro dos Bichos. A agricultura constitui-se em uma das principais atividades da tradição Guarani de modo geral, seja no plantio de espécies convencionais (dos "brancos") voltadas à sua alimentação e comercialização de excedentes, como, e principalmente, pela presença de vários cultivos agrícolas tradicionais do grupo, por exemplo, milho, amendoim, feijão, batata, cana-de-açúcar, etc.,
cujas sementes, quando da mudança das famílias para um outro território, são sempre carregadas consigo para que possam, nessas novas áreas, plantá-las em suas roças. A criação de animais, também localizada nos quintais das casas, na porção sudoeste do território indígena delimitado, ocorre em escala bastante reduzida, e destina-se exclusivamente ao consumo alimentar dos Guarani, destacando-se, neste caso, basicamente a criação de frangos e patos para consumo de sua carne e, principalmente, ovos. A pesca é realizada ao longo dos dois rios principais (Rio Vermelho e Ribeirão Silveira). Para sua execução, os Guarani utilizam redes, covos ou anzóis. Os peixes mais comuns são a traíra, o bagre e o cará.

Depoimentos