Segurança Alimentar, Geração de Renda e Valorização Cultural-TI Entre Serras do Pankararu

Ficha Técnica

Nome
Segurança Alimentar, Geração de Renda e Valorização Cultural-TI Entre Serras do Pankararu
Objetivo
- Beneficiar e agregar valor e qualidade na produção das diversas frutas da comunidade indígena e facilitar o escoamento desta produção para os grandes centros consumidores eliminando a perda e a presença de atravessadores.
Modalidade
Segurança alimentar
Principais Atividades
- Projeto para Construção de uma Mini-Fabrica de Polpa de Frutas na Aldeia Lagoinha - Projeto de Distribuição de Peixe nas Comunidades Indígenas Entre Serras Pankararu. - Projeto Ponto de Cultura. Objetivo: Construção de oficinas e capacitação de artesanato com palha, semente, madeira e barro, capacitação e formação de indígenas na área de mídias e documentários. - Distribuição de Alevinos. - Construção de viveiro.
Resultados
- Beneficiar o umbu e outras plantas nativas para poder vendê-lo na entressafra por um preço melhor, compra o maquinário necessário e um carro tipo strada para escoar a produção até o destino final, melhorar a renda e auto-estima das mulheres da comunidade.
Mecanismos
Instrumento(s)
Bioma(s)
Caatinga
Etnia
Pankararu
Entidade executora
Entidade financiadora
Assoc. Indígena(s) envolvida(s)
APOIME; AIPES
Comunidades envolvidas
Contato
Palavras-chave
Distribuição de Peixes, Polpa de Frutas

História

A Terra Indígena Pankararu encontra-se em processo de desintrusão, onde os próprios índios lutam pela conclusão dos trabalhos de indenização e retirada dos posseiros. Á área está sob influência da barragem de Itaparica e é suscetível à desertificação. Há uma intensa redução de árvores nativas e exploração não sustentável do croá, uma espécie vegetal nativa do nordeste, cuja fibra é utilizada em vestimentas e adereços e na produção de cestos e bolsas. Segundo os números do levantamento fundiário, os índios da TI Entre Serras dispõem atualmente de uma área equivalente apenas 40% da sua terra. No entanto, essa parcela de terra se torna ainda mais exígua, considerando que os terrenos de melhor qualidade, mais férteis, planos e que concentram recursos naturais imprescindíveis, encontram-se em grande parte invadida por posseiros. Aos índios restam as áreas menos propícias para as atividades produtivas e de subsistência, o que reduz a capacidade do uso intensivo da sua própria terra. Assim, os Pankararu encontram-se confinados em esparsas parcelas de seu território, situação que lhes tem condicionado uma série de dificuldades.

A antiga região sertaneja é hoje denominada caatinga e subdividida entre agreste e sertão, cujos limites são desenhados pelo maciço da Borborema, que divide o Estado de Pernambuco duas vezes, através de duas cadeias de montanhas quase paralelas que cortam-no obliquamente no sentido nordeste-sudoeste. O primeiro e mais fundamental desses cortes é o que separa as duas grandes regiões da zona da mata e da caatinga, o segundo é o que divide a caatinga em sertão e agreste. Ao sul do estado essas duas linhas de serras atingem a sua maior penetração, levando a zona da mata e o agreste pelo interior do estado. Apesar da designação Brejo dos Padres referir-se historicamente ao aldeamento, o Brejo é um recorte ecológico retangular no interior da TI Pankararu. Ao ultrapassar os contrafortes da serra que dão forma ao anfiteatro verdejante, o território Pankararu inclui também outras duas regiões ecologicamente distintas, uma ao sul e outra ao norte do Brejo. Para distingui-las entre si nos referimos a elas como as seções norte, abrangida na quase totalidade pela TI Entre Serras, que tem na aldeia Serrinha a principal referência; a seção centro (onde localiza-se o Brejo dos Padres) e a seção sul (grande parte também inserida no perímetro delimitado da TI Entre Serras).
A base da economia Pankararu é a agricultura de subsistência, destacando-se como principais culturas o feijão, o milho, a mandioca. Há também uma variedade de frutas: pinha, goiaba, manga, cajú, murici, banana, entre outras. Geralmente os produtos destinam-se ao consumo interno, mas parte é comercializada nas feiras de cidades próximas, principalmente de Tacaratú e Petrolândia. Destaca-se a produção da pinha, sendo os Pankararu um dos maiores produtores da região. Como não dispõem de transporte próprio, ficam sujeitos a ação de “atravessadores” na época da safra, recebendo remuneração muito baixa pelo produto. As atividades da agricultura são desenvolvidas pelo núcleo familiar. Tanto no plantio do feijão como na fabricação da farinha da mandioca, o trabalho é remunerado ou de meia, neste último caso paga-se com parte da produção. Muitos índios eram alistados nas frentes de emergência mantidas pelo Governo, recebendo menos de um salário mínimo mensal. Outras atividades econômicas relevantes consistem em pequenos criatórios domésticos. Geralmente criam bodes, porcos, galinhas e em alguns casos, gado bovino. Importantes também são as atividades de coleta do croá e de cipó, tanto para a confecção de artesanato, objetos utilitários tais como chapéus, bolsas, vassouras, abanos, cestos etc., para uso doméstico e para as máscaras rituais da indumentária dos Praiás. Essas atividades ou mesmo a simples coleta de lenha, que ocorrem em determinadas localidades da área, como “Mundo Novo”, são dificultadas hoje pela grande presença de ocupantes não-índios. A coleta de frutas nativas como o umbú (“Spondias tuberosa”) e o muricí (“Byrsonima sp”) constituem atividades imprescindíveis para os Pankararu, principalmente por se tratarem de fruteiras que apresentam grande resistência nos longos períodos de escassez de chuvas. O umbú, fruta natural da região, predominantemente encontrado em localidades ao sul da TI Entre Serras, é importante referência simbólica para os Pankararu, tanto que no período do início da safra, os Pankararu celebram seu mais importante ritual mágico-religioso, que inicia pelo “Flechamento do Umbú”, estendendose por mais de quatro semanas. Trata-se de ritual anual e acontece após os índios encontrarem o primeiro umbú, simbolizando assim o início da safra.

Depoimentos