Terra Indígena Córrego João Pereira
Ficha Técnica
- Nome
- Terra Indígena Córrego João Pereira
- Objetivo
- Modalidade
- Principais Atividades
- - Projeto: Fortalecimento da “Fala Inteligente” dos povos indígenas Tapeba, Pitaguary, Jenipapo-Kanindé e Kanindé de Aratuba. - Projeto: O cajueiro – a Sócio Biodiversidade Tremembé. - Construção de viveiro para produzir mudas para cercar a área indígena - Desenvolver ações voltadas para organizações das mulheres e o fortalecimento que proporcione o etnodesenvolvimento de grupos, resgate cultural e aumento da geração de renda. - Projeto de plantação irrigada de coqueiros.
- Resultados
- - Fortalecer a organicidade das instituições presentes nas Terras Indígenas dos Povos Tapeba, Pitaguary, Jenipapo-Kanindé e Kanindé de Aratuba, tanto na gerência destas quanto na maior capacidade de articulação das mesmas, constituindo a Rede de ATER Indígena do Ceará, através de acompanhamento técnico, capacitação, intercâmbios e oficinas. - Fortalecimento dos povos indígenas Tremembé, nos municípios de Itarema e Acarau - Ceará, através da assistência técnica e extensão rural diferenciada e da sistematização dos saberes tradicionais indígenas. Promoção da produção sustentável e o manejo agroflorestal, associado ao resgate cultural e ao fortalecimento da etnia Tremembé através de reuniões, cursos, aprimoramento das técnicas de manejo da cadeia produtiva do caju, incentivo ao beneficiamento das frutas produzidas pela unidade familiar, e apoio aos quintais agroflorestais familiares das áreas indígenas.
- Mecanismos
- Instrumento(s)
- Bioma(s)
- Caatinga
- Etnia
- Tremembé
- Entidade executora
- Entidade financiadora
- Assoc. Indígena(s) envolvida(s)
- Sociedade Indígena Tremembé Córrego João Pereira –SITCJP
- Comunidades envolvidas
- Contato
- Palavras-chave
História
O levantamento fundiário procedido como parte dos trabalhos de identificação e delimitação da TI Córrego João Pereira constatou a presença de 26 ocupantes não índios no interior dos limites propostos. A quase totalidade desses ocupantes não índios podem ser caracterizados como posseiros, havendo apenas dois que possuem títulos cartorais. Um outro elemento que adquire uma importância simbólica crescente são as estradas que cortam as glebas da terra indígena. As estradas aparecem como limites empíricos da terra dos índios confrontando com as terras dos fazendeiros, e pelo período de abertura das mesmas costumam datar do período de ocupação do território. Cabe dizer que as estradas e veredas, são justamente as vias de acesso através das matas bem como as vias de acesso aos locais onde se tem raiz, isto é, onde vivem os parentes indígenas, como a lagoa dos Negros, Almofala etc.
A área indígena é cortada pelo córrego do João Pereira que nasce à sudoeste da área (sendo alimentado também por uma vertente que nasce na Lagoa de Santa Rosa, à oeste), e deságua no rio Aracati- Mirim, à leste. Esse córrego apresenta-se como intermitente, normalmente fluindo somente na época das chuvas e secando ou apresentando menor volume de águas no período seco. Quando o inverno é bom, ou seja, quando a precipitação de chuvas durante o ano é grande, o leito do córrego pode permanecer úmido por dois ou três anos. Encontramos ainda neste córrego, dois açudes: um pequeno denominado São José e outro, à leste deste, denominado açude das Cajazeiras, cuja barragem localiza-se fora da área reivindicada. Os estudos pedológicos do INCRA informam que se encontram na área uma associação de solos podzólico vermelho amarelo abruptico plinthico textura arenosa/ argilosa conjugados com solos podzólico acinzentado distrófico com fragipan textura média, e areias quartzosas distróficas, todos fraco e moderado fase caatinga hipoxerófila e floresta/caatinga relevo plano e suave ondulado. A vegetação original da área era provavelmente a Savana Estépica Florestada, estando situada na zona de transição entre a caatinga hipoxerófica e formações litorâneas. As áreas de serrote "nos altos", são
reservadas para uso comum, sendo a extração de madeira (pauferro, maça randuba, etc.) uma das atividades mais importantes. As espécies utilizadas como ornamentais são na maioria exóticas, observando-se castanhola, flamboyant, benjamim, riso, papoila, bananeira de salão, sussena, crista de peru, boa noite, bom dia, rosa cecília, cravo de defunto e sianinha.
As atividades agrícolas dos Tremembé acompanharam os períodos de demanda regional por determinados produtos tais como o algodão, cana de açúcar e a farinha, os quais eram comercializados no entorno ou mesmo escoados pelo porto do Camocim. Os dois primeiros produtos, porém, parecem ter hoje perdido importância nas atividades produtivas dos Trememhé, sendo a produção de farinha de mandioca e a venda de castanha do caju as atividades atualmente mais relevantes e que tem lhes trazido mais retorno financeiro. Estas parecem reger as demais, no sentido de se poder,
a partir delas, estabelecer um "calendário econômico ecológico que possibilita perceber como os índios articulam diferentes ocupações produtivas, em função da capacidade de cada grupo doméstico ou familiar e em períodos determinados. Outras famílias sobrevivem dos roçados coletivos ou "comunitários" produzidos pelos membros da Associação dos índios Tremembé. Porém, a realização destes roçados tem sido causa de diversos conflitos quando são realizados nas áreas de vazante próximas ou nos próprios quintais das famílias indígenas, ou ainda em áreas que os índios têm como extensões dos seus quintais. A coleta de uma ampla variedade de frutos, centrada principalmente na castanha do caju, é uma atividade vital
para a subsistência dos grupos domésticos. Os cajueiros são plantados principalmente, ao longo do córrego, sendo conhecidas as variedades do cajueiro "ligeiro", que produz de dois a quatro anos, e o cajueiro "gigante", que produz com oito a dez anos. A produção destina-se principalmente à comercialização da castanha.