Terra Indígena Cachoeirinha
Ficha Técnica
- Nome
- Terra Indígena Cachoeirinha
- Objetivo
- Modalidade
- Principais Atividades
- - Projeto: Agricultura / Produção de alimentos. Meta: 150 há de feijão, 20 há de arroz e 180 há de milho – PAT- 2011. - Projeto: Iniciativas Econômicas Sustentáveis nas Terras Indígenas do Cerrado. Objeto: Prestar Assistência Técnica e Extensão Rural na Terra Indígena Xerente, Terra Indígena Sangradourouro/Volta Grande, Terra Indígena Krahô e Terra Indígena Cachoeirinha no bioma Cerrado, através do diagnóstico e elaboração participativa de Planos de Melhorias de Iniciativas Econômicas Sustentáveis, visando o fortalecimento dessas iniciativas, bem como das respectivas organizações indígenas gestoras. - Diagnóstico Participativo – Coordenação Regional Campo Grande/FUNAI. - Construir uma casa de farinha. - Desenvolver um processo de recuperação do solo, com assistência técnica.
- Resultados
- Mecanismos
- Instrumento(s)
- Bioma(s)
- Pantanal
- Etnia
- Terena
- Entidade executora
- Entidade financiadora
- Assoc. Indígena(s) envolvida(s)
- Associação dos Produtores Rurais de Argola; Associação dos Professores Terena de Miranda APROTEM; Associação Indígena Terena de Cachoeirinha AITECA;Associação Mãos Unidas; Grupo de Trabalho de Pequenos Lavouristas de Argola; Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado MOPIC; Associação de Mulheres; ARPIPAN
- Comunidades envolvidas
- Babaçu, Argola, Morrinho, Cachoeirinha e Lagoinha.
- Contato
- Palavras-chave
História
A T.I. tem a revisão de limites declarada, mas o processo de demarcação física foi, a grosso modo, suspenso por decisão do STF. É uma das áreas de maior conflito entre indígenas e pecuaristas dentre as TIs sob jurisdição da CR Campo Grande. Ocupações indígenas levaram a experiências de reintegração de posse, como no caso da Fazenda Petrópolis em 2010. Os indígenas permaneceram na área ocupada, no caso da Fazenda Charqueada e comunidade Mãe Terra – contudo, tal permanência pode levar à reintegração de posse futuramente. Como em outras TIs Terena, a contraposição de políticos é intensa, não só pela inclinação do governo estadual (e por vezes o municipal) em se portar como porta-voz dos latifúndios existentes no MS, como também pelo fato de que famílias ocupantes de fazendas no entorno da T.I. são de grande influência política, havendo, entre elas, integrantes do cenário político estadual e federal. A distribuição das residências (528 casas) na Reserva de Cachoeirinha nos respectivos setores, e a localização dos lotes de roças, de pastagens e a cobertura vegetal remanescente ilustra bem que o espaço para a instalação de novos grupos domésticos na Reserva chegou, há anos, ao seu limite crítico. Vê-se claramente então porque "tudo os impele para fora". Constata-se na situação de Reserva, seja em Cachoeirinha ou nas outras, um processo onde, cada vez mais ao longo do tempo, determinadas condicionantes externas impõem as condições de vida ali reinantes. Quando se indaga porque o Terena migra (da Reserva para o meio urbano ou mesmo para outra Reserva) a resposta unânime é que o faz para procurar "uma condição de vida melhor". A Reserva, dada a sua extrema limitação espacial, coloca sérios obstáculos para a absorção econômica dos jovens Terena: as chances de absorção do jovem em condições de instaurar uma nova unidade doméstica através do trabalho interno na Reserva, são bastante reduzidas.
A Terra Indígena Cachoeirinha está situada na Planície Pré-Pantaneira, que se separa do Planalto brasileiro pelas escarpas da Serra de Maracaju. No entanto, e ao contrário da planície pantaneira propriamente dita, esses terrenos não sofrem alagamentos constantes, por isso foram caracterizados como de “Planície Pré-Pantaneira”. As áreas de ocupação histórica dos Terena abrangem as terras não alagáveis das bacias dos rios Miranda/Aquidauana, se estendendo, ainda hoje, para as áreas alagáveis destas mesmas bacias, onde, no passado, desenvolviam atividades pastoris com seus rebanhos de gado e, hoje, exclusivamente com atividades de caça, coleta e pesca nos cursos d'água da região. A dinâmica das águas da
região pantaneira define boa parte dos ecossistemas locais quanto a cobertura vegetal, seja de floresta, de cerrados ou campos, ainda com destaque para áreas onde predominam populações homogêneas, mais adaptadas a este regime de secas e cheias periódicas, com maior ou menor saturação de água na camada de solo logo abaixo da superfície. O comportamento do solo também participa da composição e definição dos ecossistemas pantaneiros, na medida em que há solos mais ou menos permeáveis e outros impermeáveis. O relevo da Planície Pré-Pantaneira, com altitudes de até
200 metros, apresenta pequenas variações de altitude que podem definir a suscetibilidade do terreno com relação às cheias. Pequenas depressões ali servem de canal de drenagem, que é sempre intermitente. As faixas de drenagem interrompidas são chamadas regionalmente de “vazantes”. Dadas as características de relevo e solos, os lugares nunca alagados apresentam uma vegetação mais diversificada e mais estável do ponto de vista temporal; as regiões sujeitas a alagamentos temporários, e dependendo do volume das cheias, podem apresentar uma vegetação de mata ombrófila, e esta tende a avançar ou reduzir-se em extensão conforme período de maior ou menor umidade. De qualquer modo é nas áreas alagáveis onde a vegetação se modifica com maior freqüência no decorrer do tempo. Podemos, para estes casos, afirmar que uma cobertura de vegetação pioneira é muitas vezes a vegetação principal de certas áreas.
A agricultura continua sendo a principal atividade econômica dos Terena, como o foi também no passado. Atualmente, porém, confinados nas exíguas Reservas, os Terena (e também das demais Reservas no Mato Grosso do Sul), possuem campos de cultivo permanentes, utilizando-se da mecanização (tratores) para gradagem, preparo da terra para plantio e eventualmente para a abertura de novas áreas permanentes de cultivo. O ano agrícola em inicia-se em agosto e termina em março/abril com o plantio do feijão da “seca”. A produção agrícola obtida é destinada ao consumo familiar e, quando possível, para a venda. Os principais produtos obtidos nesse processo são: feijão, mandioca, milho, feijão “miúdo”, abóbora,
melancia e maxixe. A criação de gado vacum ou cavalar é outra atividade produtiva que os Terena jamais deixaram de exercer. A criação de animais é sinal de status elevado dentro das Reservas Terena. No entanto, dadas as limitações territoriais nas Reservas, tal atividade se tornou uma das principais fontes de conflitos internos. O “fechamento” de áreas de pastagem no interior das Reservas foi sempre causa de problemas políticos, pois subtrai da área comum uma parcela maior do que aquelas requeridas pelas roças e para outros fins particulares. Algumas famílias ainda criam porcos
em confinamento mas, todas mantém uma pequena criação de galinhas, que, junto com a carne de caça são as principais fontes de proteína animal. O artesanato também desempenha papel significativo enquanto atividade econômica desenvolvida. A caça, que se realiza, literalmente, às escondidas e envolve um alto risco, pois ocorre em fazendas vizinhas da terra indígena, especialmente na Anhumas. A pesca é também outra atividade que os Terena da Cachoeirinha praticam com regularidade, também em sítios externos ao território tribal regularizado e envolve os mesmos riscos que a atividade de caça. Os locais mais freqüentados (apesar da repressão) são a “baia grande”, o Aquidauana e as lagoas da Anhumas. A coleta de mel e frutas, bastante importantes no passado, já não tem a mesma significação. Outras atividades extrativistas exercidas com regularidade são o corte de lenha e a coleta de plantas medicinais. A dependência de muitas famílias da madeira enquanto fonte de energia (queima de cerâmica e outros usos) é, o fator responsável pela manutenção de reservas significativas de mata. O trabalho temporário no meio rural ou “changas” e ainda o trabalho nos centros urbanos regionais, são atividades de importância para os Terena no contexto externo da Reserva. A modalidade de trabalho externo temporário mais antiga entre os Terena é a “empreitada” nas fazendas vizinhas. O trabalho externo temporário (“changa”), nas suas várias modalidades é parte integrante do cotidiano Terena e hoje funciona como uma válvula de escape importante para a pressão social resultante da superpopulação da área.